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sábado, 13 de julho de 2013

D



"Eu constantemente morro e renasço de formas diferentes.
Às vezes é minha personalidade que muda radicalmente
Minha forma de pensar, minha ideologia, minha visão de mundo.
Às vezes minha aparência muda. Engordo, emagreço, cresço, fico forte.
Corto o cabelo, deixo crescer, passo um tempo usando apenas um determinado tipo de roupa.
Às vezes viajo ao passado. Ao meu passado ou ao passado do mundo e do universo.
Às vezes viajo ao futuro, com sonhos longínquos de mudanças, tecnologias, etc.
Às vezes viajo para realidade paralelas, em que vejo tudo de um modo diferente.
Constantemente tenho pessoas especiais na minha vida, para dividir minhas lembranças, momentos e sonhos.
Tenho o péssimo costume de olhar apenas para a tristeza do final,
Sem me lembrar de todas as magias e maravilhas que dividimos.
De tudo o que fizeram por mim e fiz por todos.
De vez em quando eu salvo mundos.
Alguns são pequenos e outros enormes, mas isso é apenas um pequeno detalhe.
Ás vezes me sinto carente, solitário, como se fosse o último...
Outras vezes me sinto forte, imponente, impotente.
E então posso me sentir fraco e incapaz sozinhos,
Mas nesses momentos sei que sempre tenho alguém para contar,
Alguém para me levantar e tornar meus sonhos vivos.
Às vezes sou egocêntrico ou me desvalorizo demais.
Algumas vezes me sinto emputecido com coisas superficiais,
Em outras eu me perco completamente maravilhado por tais coisas.
Às vezes me sinto tão diferente, mas então percebo que sou tão humano.
Talvez humano demais. Além do que eu posso aceitar."

segunda-feira, 1 de julho de 2013

À noite


Acende o cigarro, apaga o cigarro
Copo com álcool, agora vazio
Sente o peito cheio, pigarro
Ri da própria cara, parece senil

Tem uma ideia. espetacular!
Mas ele mal sabe pensar.
Quem dera então, raciocinar.
Sabe apenas idealizar.

Ele pra ele nada vale, escarro
Apenas inábil, figura vil
Incongruente, nada além do bizarro
Se ao menos pudesse ser mais pueril

Mas, no fim das contas, aprendeu a amar
Aquilo que é tudo que pode ser, estar
Fecha os olhos e sente a noite à sussurrar,
Lhe dizendo que tudo vai melhorar
Ou acabar.

domingo, 30 de junho de 2013

Past/Present


Estou tão melancólico nesses dias que passam
Insatisfeito com a minha própria insatisfação
Preso à compromissos chatos que se enlaçam
E prendem minha liberdade, pela minha retidão

Queria embriagar-me em álcool, ervas e teus beijos
Esquecer todos os tormentos que movem a vida
Aproveitar cada um dos meus, dos nossos ensejos
Eliminar qualquer oportunidade de despedida

terça-feira, 25 de junho de 2013

Soneto da Poetisa


Leves sons rompem silêncios, tocam o telhado
Levam a mente à lugares distantes
Virtuoso pensamento molhado
Abre a vista e caminha observante

Nada deve parecer impossível de mudar
Mesmo que em alterações tristes
A vida continua à caminhar
Perdida em flocos de antíteses

Somos ainda tão joviais
Com medo daquilo que nos humaniza,
De nos entregar à atos irracionais

Profundezas inébrias que nos anarquiza
A distância além da distância aumenta a saudade ainda mais
Daquela que me faz dançar, que me poetiza.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Olhando as Estrelas



Caminho olhando as estrelas
Com meus olhos cansados, vidrados
de quem não sabe onde se encontrar
Que não sabe a que estão fadados

O Destino bate à porta levemente
Eu me escondo, não quero abrir
Não quero me prender ao finalismo
Cerceador da minha liberdade de chorar e sorrir

Cuspa no futuro traçado
Sorria feliz e encare sua causalidade
Olhe as estrelas ao caminhar
Enquanto elas ainda tem idade
Para brilhar

Tudo um dia acaba
É o único destino à acreditar
O resto é mistério vivaz
Que espreita em cada passo de tua vida
Que requisita que sejas audaz

E eu caminho olhando estrelas
Imaginando quando seu brilho cessará
Sem saber se hoje ou amanhã
Se, quem sabe, ao fim do dia a luz se apagará

Tudo o que posso é aproveitar
Os momentos finais que não sei quais são
Sem tempo, talvez para reflexão
Apenas para caminhar

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Questionamentos



Quem sou eu?
O que é a vida?
O que é meu?
Aonde estamos?
O que faremos?
Para onde vamos?
Para que vivemos?
O que é importante?
O que é o amor?
Como ser feliz?
Por que sentimos dor?
Isso é o que eu sempre quis?
Quem quer ser um milionário?
E aí, comeu?
Quem matou Odete Roitman?
Bla bla bla?
Bla bla bla bla bla?
Bla?

domingo, 9 de junho de 2013

Futuro do Pretérito


A ampulheta do tempo rodou
E eu fiquei parado, sentado, à espreita
Observando a vida em atitude suspeita

De olhos fechados eu vi o tempo passar
Mas as areias do destino pareciam inertes
Enquanto ilusões me encantavam com seus flertes

A queda não parece ser assim tão divertida
'Inda mais quando se está nela, não assistindo
Mas a flor escarlate desabrochava-se rindo

Minha mente encheu-se de fogo vermelho
Gélido como a mais tenra nevasca que há de cair
Apenas se apaga ao fazer o que nunca fez: desistir

E então a fogueira tênue começou a me aquecer
Em chamas repletas de carinhos e desejos insaciados
E finalmente pode-se dormir um sono há muito atrasado

E acordar com o frescor desconhecido
De uma vida de promessas até então descumpridas
Encontrando a realidade há muito perdida

Em um sorriso sereno daquela que não vê
Que, como sugeriu a raposa, observa com os olhos do coração
E que tudo viu - e sentiu - naquele simples momento de exceção
Ou regra...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Queda



Minha loucura mantém minha sanidade
Quando ela se perde, as bases se rompem
Estruturas desabam ao chão
Minha insanidade deixa saudade
A normalidade não me convém
Apenas exploro silêncio e solidão

Outrora havia sido mais fácil
O paraíso me era desconhecido
Apenas o fogo infernal era realidade
Mas o real por vezes é tão frágil
Ao conhecer o céu, ele não é esquecido
Nem pela maior das vontades

Como um demônio, eu obtive ascensão
Como um anjo, enfrentei aterrorizado a queda
É difícil enfrentar o inferno após ver o céu
Sem a loucura, minha sanidade se perde em emoção
E o que era verdade agora se enreda
Meus olhos negros não veem através do véu

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Apenas para Ti


Caminho lentamente pelas ruas de terra
Não sei à qual lugar meus passos irão me levar,
Em qual ponto meu caminho finalmente se encerra
Mas sei que até o fim irei te procurar
Enquanto os meus pés puderem caminhar
Enquanto os meus olhos puderem enxergar

E, talvez, até depois do novo início
Pois sem ti, meu coração não pode bater
Você tornou-se essencial, tornou-se um vício
E agora eu cato pedaços pra poder viver
Eu vivo do resquício que encontro de você
Já não faço nem ideia de como conter

A minha imaginação que vive a desejar
O toque da sua pele doce pra me aquecer
O sabor molhado dos seus lábios pra me acalentar
O romantismo do seu sexo pra nos dar prazer.
E nada nesse mundo irá me convencer
Que é algo impossível de acontecer

É a maior virtude que tem o amar
É saber aguardar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O Anjos caído


Vocês acreditam em anjos?

Eu fui criado para ser a luz. Eu fui criado para ser a inspiração de vocês. A luz que guiaria o caminho dos filhos mais novos.

Me tornei um de vocês para guia-los. Abandonei meus iguais para virar um humano, uma luz que os levaria à um novo alvorecer.

Mas o que vocês fizeram? Como me recompensaram? Há! Pisaram em minha cabeça e caminharam sobre meu corpo, quebrando cada um dos meus ossos.

Desculpem-me, mas o brilho que você viu em meus olhos não existe mais. A minha luz foi dominada por sombras.

Todo ser tem sombras que habitam dentro de si. Sombras que lutam para sair, que são contidas por lampejos de esperanças e compaixão. Sombras que dominam sua alma quando a esperança se esvai.

Hoje apenas olho para vocês, pequenos macacos sem pelo, e tudo o que eu sinto, é desprezo. Sinto as sombras ao meu redor, que se aproximam de meus ouvidos e gritam:

“ODEIE-os!”, elas gritam!

“odeie-os...”, elas sussurram.

"Odeie cada lampejo daquilo que você nunca terá, cada traço de felicidade que nunca preencherá seu vazio."

Minhas asas brancas tornam-se negras. Veja! E eu, que cheguei até aqui como um lampejo de esperança, agora, torno-me o contrário. Torno-me aquilo que sempre odiei, aquilo que jurei combater. Me prendo ao ódio trazido pelas sombras. O doce ódio que eu tenho o prazer de vos oferecer. O ódio que se aproxima do meu ouvido e balbucia aquelas palavras.

“DESTRUA-OS!” – Ele grita.

“destrua-os e odeie-os!” – Ele sussurra.

Eu me sinto amargurado. Pergunto-me onde estará meu pai agora, nosso pai. Pergunto-me por qual motivo essas sombras dominam meu peito. Por qual motivo eu me tornei isso. Oro e peço por respostas...

O silêncio é a resposta.

Apenas o silêncio.

O presente dos deuses


Um dia, há muito tempo, os deuses caminharam com os homens.

Ensinaram-nos a arte do sentir: a amor, a paixão, a felicidade, a euforia. Nos apresentaram à tristeza, à melancolia, ao ódio, à amargura, ao ressentimento e tantas outras emoções doces e amargas.

Os deuses então se foram e nos deixaram sozinhos. Conosco apenas permaneceu seus ensinamentos e presentes.

Os humanos, outrora felizes, perceberam então que tinham sido enganados. Receberam presentes cruéis, o dom do sentir, a desgraça do sentir.

Perceberam que os sentimentos bons eram poucos e, os ruins, incontáveis.

Se entregaram ao ódio e seus irmãos. Criaram desgraças.

Os Deuses melancólicos observaram à distância. Estavam tristes com o que os homens fizeram com o belo presente ofertado.

Os Deuses à distância se perguntaram, se perguntam, se perguntarão: Quando as crianças aprenderão a brincar?

Chamas


Eu caminhei por planícies verdes e atravessei montanhas cobertas de neve. Molhei meus pés na nascente de um rio, olhei para o céu e imaginei formas nas nuvens. Vi o mundo com os olhos de um recém-nascido. Tudo era tão novo. Tudo era tão maravilhoso.

Naquela noite eu dormira ao relento, com o frio gelando meus ossos e me fazendo tremer. Vislumbrei um flash de luz vermelha ao longe. Mesmo que distante, eu senti o calor em minha pele, mas meus ossos continuavam gélidos.

Logo o brilho foi se aproximando e as chamas se tornaram nítidas. Percebi um rastro de cinza que permanecia nos locais onde ela passou. Quando menos percebi, o mundo inteiro era feita de cinzas, com exceção do ponto em que eu me encontrava, já em pé, observando a doce destruição.

Aquelas chamas atraiam meus olhos e logo esqueci de tudo ao meu redor. As belas planícies verdes, montanhas cobertas de neve, nascentes de rios e formas no céu já não existiam mais. Tudo consumido pela devastação daquela incrível chama, que caminhava em minha direção.

Logo ela circundou meu corpo e ficou parada. Eu queria aquele calor. Estava fascinado por ele. Mesmo que meu corpo fosse destruído, valeria a pena, se eu sentisse a euforia daquele calor por um milésimo de segundo. Fechei meus olhos e aguardei.

Os segundos que passaram pareciam-se com milênios. Aguardei, mas as chamas não vieram. Elas circulavam meu corpo e deixavam apenas o campo florido aos meus pés. Todo o resto era cinza, produzido pelas chamas vermelhas que me fascinavam.

Eu queria aquele calor! Eu precisava daquele calor! Mesmo com todo o fogo, inexplicavelmente meu corpo encontrava-se gélido por dentro. Sentia apenas um leve calor produzido pelo fogo, que mal ultrapassava minha pele. Meus ossos tremiam e o frio era a única sensação existente.

“Queime-me! Aqueça-me, mesmo que depois apenas minhas cinzas sobrem. Me livre desse frio, mesmo que apenas a destruição me aguarde dentro do calor!” – Eu gritei. Mas as sombras permaneciam paradas, estáticas, olhando e sorrindo em desalento para os meus olhos.

Tentei correr em direção ao fogo, mas meus pés não se moviam. Apenas meu corpo tremia.

Permaneci parado em um campo florido dentro de um mundo feito de cinzas. Cinzas que que eram levadas ao ar por pequenas rajadas de vento. O mesmo vento que, vez ou outra, fazia o fogo se aproximar de mim, antes de retroceder novamente, causando um leve calor. Calor esse que jamais poderia me aquecer, mas mantinha aceso a esperança das chamas me alcançarem e me consumirem.

Sorri ao perceber minha mortalidade que me alcançaria em qualquer momento, pois esperar a eternidade pelas chamas que jamais viriam seria, sem dúvidas, o maior castigo imposto à um homem. Sabia que o frio um dia cessaria, enquanto eu observaria as chamas de longe, transformando o mundo em cinzas e gerando a destruição que eu nunca sentiria.

O que mais me entristeceu foi perceber que as chamas choravam de longe, ante a impossibilidade de se aproximarem de mim. Perceber que elas também desejavam me consumir, assim como eu desejava ser consumido por elas, mas estavam impossibilitadas de se aproximarem de mim.

E assim nosso encontro infrutífero continuaria, até o meu encontro final com a minha mortalidade ou o cessar do incêndio.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Minha Dor, Minha Canção

Waldemar Henrique, que inspirou essa.
Querida, venho aqui agora

Com o peito aberto
Sentindo o frio que aflora
Por não ter-te em minha vida
Oh, Querida! Minha querida.

Meu amor, aonde está você?
Que não ao lado meu
Pra me fazer viver
Sem ti nada faz sentido
Sinto-me sozinho e perdido

Transformei minha dor em uma canção
Pra sentir, ao menos,
Um pouco de vida em meu coração

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Loucura

Há tempos não escrevo nesse blog. Realmente, venho me distanciando dele nos últimos meses. Minha vontade de escrever poesias desapareceu gradualmente e, as poucas que escrevi, preferi deixar apenas no Facebook.

Volto para mostrar o esboço de algo em que venho trabalhando há algumas semanas. É apenas o prólogo de algo maior que está quase pronto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Little Less Conversation



Filmes a assistir
pratos a preparar
sorrisos a proporcionar
Faço planos e promessas em excesso

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Infantil



Eu te gosto tanto de você
Que meus olhos ficam aguados
Que meu coração chega a doer
Que meus sentimentos ficam pesados

Somos Humanidade



Enquanto os ventos do tempo continuarem sibilando
A vida permanecerá
Enquanto houverem grãos de areia no deserto
A esperança existirá

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Experimental



Nesses dias tenho descoberto novos sentimentos
Até hoje adormecidos, inexplorados
Alguns, provavelmente, jamais nomeados
Mas que guiam meu caminho pelos momentos

Alguns se parecem com felicidade, mas não o são
Parecem maiores e mais imponentes
Alguns fazem com que eu me sinta impotente
Uma mescla de desespero e solidão

Outro... Ah, esse outro! É o mais percebido
Na maior parte do tempo parece-se com o amor
Desabrocha dentro do meu peito, como uma flor.
Mas é muito mais. Mais belo. Mais divertido.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Placebo



Verdades absolutas são como placebos
Remédios falsos, para fugir de sua própria mediocridade
Para levar p'ra longe aqueles velhos medos
Para tentar controlar nossa sociedade

Isso é tão hipócrita. 'Cê Acredita mesmo?
Que palavras de mil anos são mais importantes que o livre pensar?
E você cospe suas verdades a esmo
Sem se preocupar com quem vai machucar

Andando por aí, carregando tua velha cruz
Balbuciando intolerância e hipocrisia
Tentando me mostrar o caminho da luz
Vendendo promessa de felicidade como mercadoria

Meus ouvidos não são surdos ao que você diz,
Ao contrário do que você sempre cisma
Mas as suas crenças, não são minha motriz
O meu conhecimento, foi a minha crisma
E pode acreditar, é o que me faz feliz

PPGS



Nos mantemos vivos pela razão
Vivemos pela emoção
Morremos pela solidão

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Revolução Online



Tratamos monstros como heróis
Acreditamos em falsas histórias
Somos apenas pobres coitados
Açoitados, mentes sem memórias

O Assassino foi santificado
Virou herói e é sempre lembrado
O Criminoso foi martirizado
E agora tem o seu próprio feriado

História escrita pelos vencedores,
Agora (falsos) heróis do alvorecer
Que contaram suas mentiras deslavadas
E forçaram-lhe a ser mais um a crer

Plantaram falsas versões em nossa mente
Fizeram-nos crer no que lhes era conveniente
Mas chegou a hora de juntar a nossa gente
E escrever a real história do presente

Não vos deixeis cair em novas mentiras
Não creiam mais na velha rede de bobagens
Leremos mais e seremos curiosos
Não nos renderemos às velhas miragens

Vida Real



A criança dorme tão bela e inocente
Repleta de mistérios e segredos
Ela ainda não foi engolida pela vida
Ainda não conheceu as dores e os medos

Todos nós já fomos sonhadores um dia
Por vezes insistimos em ser
E somos... Esmagados, triturados
Viramos reféns do desejo pelo prazer

Somos almas tão fracas, pobres coitados
Vivemos na ilusão sobres liberdades
Mas apenas somos livres pois nos é permitido
Caímos sob o controle de outras vontades

Tudo não passa de um jogo de poder
Somos meros bonecos manipulados
Mas, por um instante, olho para você
E já não me sinto acorrentado

Sinto-me livre, sinto-me a voar
Uma fagulha de esperança me domina
Irradia minha vida a partir de tua imagem
Rompe o silêncio da dor, rompe a neblina
Destrói toda mentira
Livra-me da minha velha ira

Brincando



Eu desnudei sua alma e desvendei seu olhar
Eu revelei seus segredos e agora sei seu pensar

Mas não sinta medo, é besteira
Sua insegurança é bobeira

Tu dominastes meu coração e agora podes confiar
Abri-me à essa paixão e ao prazer de lhe amar

Talvez sejas apenas fogueira
Apenas uma brincadeira

Mas não sinto medo, parece que estou a sonhar
Talvez seja ainda cedo, ficarei a esperar

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Marte



Quando parte o próximo fretado
Em direção ao planeta vermelho?
Preciso fugir, estou desesperado
Não há mais tempo pra conselho

Vamos fugir em direção ao infinito
Seremos apenas nós, você e eu
Seremos Deuses, um par benedito
Dividindo a imensidão do breu

Então me dê as mãos, menina
Segure bem forte e vamos voar
Vamos juntos cruzar a neblina
Desvendar mistérios além do olhar

Vamos correr, preciso fugir
Já não há mais lugar por aqui
Para conter nossos espíritos impetuosos
Vamos em direção a destinos grandiosos


Fantasma



O Espectro continua a me perseguir
Olho para trás a me inquerir
Quisera eu evitar aquele mal,
Esquecer que tudo fora real

As memórias não se afastam
Não me deixam respirar
Os pesadelos se alastram
Apenas são melhores que o despertar

O fantasma continua ali parado
Assombrando-me pelo meu pecado
Não encontro forças para mover meu pé,
Sempre faltou-me um pouco de fé

A lamúria do lamento me consome
A chuva cai levemente, molhando-me
A Abantesma rumina em fome
Minha vida é uma vastidão de "se"


Soneto Para Júlia



Com coração em tempos antigos
Júlia gosta de viver a sonhar
No passado ela busca um abrigo
Moldado em ficções a lhe inspirar

Júlia sonha com realidades escondidas
Além do arco-íris, onde tudo é belo
Júlia vive em imagens esquecidas,
Borradas pelo tempo, com um sorriso singelo

Mas Júlia espera sempre mais e mais
Aguarda o momento de seus sonhos realizar
Encontrar a tranquilidade alcançada jamais

Mas ela é paciente e aprendeu a aguardar
Não se apressa e aguarda os sinais
Para que possa realmente viver, amar

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Baú de brinquedos



A sua distância me dilacera
Me aproximo e a ferida parece fechar
Mas você se vai, como sempre
E percebo aos poucos a ferida aumentar

E eu fico solitário com minha angustia
Pensando em quando irei novamente te encontrar
"Será amanhã?", fico sonhando e pensando
Sem perceber como estais a me tratar

Como um brinquedo trancado em um baú antigo
Apenas utilizado quando sentes entediada
Quisera eu ser nada mais que um amigo
Mas há muito mais, talvez na hora errada

Ésse



Olhos que dominam a mente e o coração
Não consigo descreve-los com exatidão
Castanho-escuro cheio de profundidade
Que parecem desnudar toda a realidade

Os normais veriam apenas olhos castanhos
Mas eu consigo desvendar o mundo em teu olhar
Com a sensibilidade que nos torna estranhos
Olhos cheios de segredos a desvendar

Quisera eu desnudar suas verdades
Conhecer a alma que gera tal maravilha
Quisera eu não ser vítima de tal banalidade
Que afasta-me lentamente desta ilha

Mas contento-me a olhar distante
Longe do risco de ser dominado
Que gera um medo constante.
Fico apenas a mirar admirado

O Portador da Palavra



Somos homens bondosos
Trazemos o mapa da felicidade
Nos nossos olhos idosos
Nos libertamos da vaidade

Somos mais que você
Por isso nos entregue sua alma
E se não satisfazer
Apenas mantenha a calma

Abandone as coisas mundanas
E doe tudo à minha obra
Esqueça as verdades profanas
O conhecimento é uma cobra

Deixe-me fazer uma oração
Que salvará o seu espírito
Custará apenas a sua alimentação
E manterá seu crescimento restrito

Mas jurá, não serás nada demais
Abrace a causa e me dê seus reais
Isso manterá a sua falsa paz
Ou, ao menos, seu pensar incapaz

Ousai




Ousai ser mais do que podem ver
Ousai ser mais do que simples
Ser mais do que você nasceu para ser

Ousai ser o fogo e a fúria
Ousai ser a certeza e a dúvida
Ousai ir além da luxúria

Ousai gritar e chorar
Ousai não ser apenas mais um
Ousai sorrir e calar

Ousai tornar-se a mudança
Ousai viver e sofrer
Ousai ter olhos de criança

Ousai desistir da sanidade
Ousai sei deixar pela loucura
Ousai apreciar a banalidade

Pois é o que a vida é
Uma sucessão de causas banais
Ousai enfrentar a maré

Ousai viver com alegria
Mesmo durante a trágica dor
Ousai aproveitar o seu dia


domingo, 6 de janeiro de 2013

Saudades da lua



Os olhos brilhantes de outrora,
Que um dia ousei comparar com o luar
Estão tão distantes agora
Deixaram-me apenas a lamentar

Os erros de uma tola criança
Que aquele encanto ousaram quebrar
Quebraram a total confiança
Tornaram os olhos algo a lembrar

E agora a desesperança domina
Os olhos que não podem chorar.
A saudade da lua desatina
Num lamuriento e doído pesar

O passado não pode ser refeito
Aquilo feito não se pode mudar
Infelizmente, nada és perfeito
Mas esperança teima a não se apagar

Amando



Amando eu vou amando
Sentindo dentro da pele
O rasgo me dilacerando
O coração palpitando

E eu sigo inquerindo:
O que és o amor que tanto falam?
Aquilo que nos faz viver sorrindo?
Aquilo que sigo sentindo?

Na inaptidão de achar resposta
Eu sigo apenas a sentir
Digo que o amor é uma aposta
Ou, até mesmo digo, que é uma bosta

Mas não existe maneira de escapar
Quando és fisgado, prepare-se
Para as noites de insonia a chorar
Para sentires o coração palpitar

Mas no fim, vale tudo a pena
Quando encontras a real felicidade
Quando num filme de amo, tu tá na cena
Quando a noite torna-se serena
Ao ladinho aconchegante da tua pequena

sábado, 5 de janeiro de 2013

Almas Desgarradas



Eles dizem que somos imorais
Que estamos perdidos
Nos perguntam onde estão nossos pais
Que nos deixaram "fudidos"

Quem são eles?
Tão imponentes para nos julgar
Quem eles são?
Com coisas tão "importantes" à falar

Eles se acham a raiz da moralidade
Guardiões do que é correto
Pensam ter conquistado o poder pela idade
Mas somos a maioria exercendo o poder do veto

Somos almas desgarradas
Somos imundos
Mas somos, acima de tudo
Os verdadeiros donos do mundo

Eu lhes pergunto:
O que é bom, ó meu senhor
Viver pelo ódio
Ou morrer pelo amor?

Eu lhe pergunto o que é melhor
Ao seu pensamento idoso e profundo
O bem por mim mesmo
Ou o mal pelo mundo?

Mundo falso



Na nossa vida tudo vai tão bem
Na nossa vida tudo vai levando
Assim como o vento ventando também

No nosso mundo tudo é muito frágil
Não há motivo pra seguir cantando
A nossa música já virou plágio

E todo o tempo, o tempo vai passando
E no gingado a gente vai dançando
E tortamente a gente vai pairando
No ar, como o pássaro que voa piando

Na nossa vida, tudo é tão falso
Sorriso falso, amores também
Tênis pirada, menino descalço
O verso é simples, mas é feito bem

E nesse balanço a gente corre
Em direção ao que nos espera
Num mundo falso, a gente vive e morre
Apenas aguardando o fim de nossa era