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sexta-feira, 30 de março de 2012

Tudo e nada, nada e tudo


Meu coração feito de aço
Derrete sob o poder da chama
Minha mente feita de água
Congela-se sob o frio que me embanha


Meus passos largos tão pesados
Me levam para lugares esquisitos
Meus olhos cegos pela luz do sol
Me mostram tudo o que é bonito


Tudo e nada
Cheio e vazio
Na madrugada
Sentindo o frio
Que gel'a minha espinha


Meu sorriso tão desbocado
Mostra a pureza que carrego no peito
Meu sexo mal lavado
Exibe minha decadência quando me deito


Meus pés descalços molhados
Sente a chuva que cai sobre mim
Meu nariz, velho e cansado
No meio do caos, sente o jasmim


Nada e tudo
Vazio e cheio
Na madrugada, surdo e mudo
Aguardando aquilo que anseio
A esperança que se avizinha

quarta-feira, 28 de março de 2012

O Desespero Nos Enfraquece


O desespero nos enfraquece
Somos como formigas sendo queimadas
Por uma lente enorme moldada em ilusões
E a pessoa fica ali apenas parada


Fazemos tudo para nos sentirmos bem
Mesmo que isso tudo nos destrua
Corremos no frio, na geada
Com a nossa pele nua
E a pessoa fica ali apenas parada


Dores são vistas em olhares
A força se esvai a cada segundo
Milhões se jogando de mãos dadas
Acreditando em sua fé cega
Se jogam no lago, se perdem no fundo
E a pessoa fica ali apenas parada


Risos agora estão tão distante
O amor se queimou em uma chama apagada
Secou-se a água para o elefante
E a pessoa fica ali apenas parada
Olhando e sorrindo à uma distância segura
Jogando dinheiro sem taxação para o alto
Promessas vazias prometendo a cura
E os corpos inertes formam uma estrada
Que a leva até o planalto


O livro negro em baixo dos braços
Palavras ilusórias se tornam a lei
A obscuridade crescente
Ajuda a submergir o novo rei
De muitas palavras e mente vazia
Escravos submissos a sua tirania
E a pessoa apenas parada não se esquece
Que o desespero nos enfraquece

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Amor te deixa Idiota


Nada vai me fazer mudar de idéia
Você pode me chutar
O amor não vai passar


Pode até dizer que eu não presto
Duvidar que eu seja um cara honesto
Eu só peço um pouquinho de afeição
E que mate meu desejo quando eu sentir tesão


Mas não, você não quer acreditar
Que eu me importo com você
E mesmo se você acreditar
Você não vai querer me ter


Pois eu sou um saco, um porre, meu amor
Eu sou irritante e te chateio
E não tenho pudor
Eu me rebaixo e me odeio
Choro embaixo do cobertor
E se eu te digo: "não sou emo"
É por que sou um bom ator


Mas você pode até roubar minhas cartas
Me lançar num míssel em direção ao sol
Cortar minha pele e jogá-las às baratas
Apagar meu level 80, no WoW


Mas eu te digo
O meu amor não vai passar não
Me prostituo e viro um mendigo
Se for pra ganhar seu coração
Pra isso eu faço um "Heil Hitler" e entro em perigo
Para anciões judeus de um campo de concentração


Por você eu abro um Mc'donald's em Pyongyang
Beijo a careca do corpo inerte e mumificado de Lenin
Subo a torre Eiffel e arremesso uma anã
Eu leio Crepúsculo até o fim
Faço tudo isso e muito mais
Se for pra você dar para mim
E pra vivermos para sempre
Em uma linda casa nas montanhas com jardim

quinta-feira, 1 de março de 2012

Olhos Inexoráveis


Não exija respeito
Se você não merecê-lo
Olhe a imagem pútrida
Que reflete no espelho

Nos perdemos em diversão
Esquecemos da transgressão
Da necessidade de explosão
Caminhamos lentamente ao ostracismo
Estamos inertes, inúteis
Juventude perdida, caindo de um abismo
Ludibriadas por mercadorias fúteis
Esquecemos aonde guardamos nossa paixão
Caímos de um penhasco moldado em ilusão

Nas ruas vemos imagens tortuosas
Com mentes perdidas nos seios de famosas
Utilizamos nossa inteligência em próprio favor
Olhando horrorizados para o caminho que se segue
Com os olhos cheios de pavor

Esquecemos nossas utopias
Nossa memória está cheia de vadias
O amor foi esquecido enquanto desce pelo ralo da pia
Jovens buscando a beleza, atingindo a anemia
O rosto bonito sobrepõe toda a tristeza
E a família continua sentada à mesa
Preocupados apenas em viver e morrer
O desespero destrói aos poucos a real beleza
Presente intrinsicamente em todo ser

O ódio corrói aos poucos nosso coração
Que perdido em amargura, não consegue lutar
O gigante vislumbra a miséria da janela de um avião
Eles levantam suas taças de champanhe para brindar
Taças repletas de sangue dos miseráveis
Vislumbram o mundo com seus olhos inexoráveis

Aonde estamos agora, se não perdidos?
Eu caminho buscando meu amor
Batido, iludido, fodido
O único item encontrado é a dor
E o fedor da podridão
Que assola a imensidão
Da infinitude do coração
Corroído...
Corrompido...
A esperança é uma ilusão
O desespero é a verdade sem enganação